Depois de Collor e Leco,Ceni não apoiará candidato no São Paulo

Depois de Collor e Leco,Ceni não apoiará candidato no São Paulo
Depois de Collor, na juventude, Rogério Ceni aprendeu sobre política com Leco
Depois de Collor, na juventude, Rogério Ceni aprendeu sobre política com Leco São Paulo

São Paulo, Brasil

A primeira experiência com a política começou cedo, e de maneira desastrosa.

Aos 14 anos, ele não tinha certeza que se aventuraria na carreira de jogador. Conseguiu a chance de trabalhar como estágio do Banco do Brasil. 

Estava se empolgando com os primeiros salários, metade do mínimo, como ajuda de custo, quando Fernando Collor de Mello assumiu a presidência do país. E proibiu que menores trabalhassem como estagiários no Banco do Brasil.

O golpe marcou Rogério Ceni.

Ele teve de se dedicar, de corpo e alma, à carreira de jogador. Mas nunca perdeu o ranço de políticos.

Da sensação da demissão.

O mesmo aconteceria 29 anos depois.

Aos 43 anos, depois de 25 anos no São Paulo, caiu na tentação de acreditar em outro político.

Carlos Augusto Bastos e Silva, homem que por décadas só se dedicou a chegar à presidência do São Paulo. Quando assumiu, se tornou o pior presidente da história do clube, acumulando dívidas e derrotas. Nenhum dirigente ficou cinco anos sem a conquista de um mísero título.

O fraco trabalho de Leco já era evidente em dezembro de 2016. Ele precisava de um escudo para garantir a reeleição em 2017. E contratou Rogério Ceni como treinador.

Demitido por Fernando Collor do Banco do Brasil, Ceni se dedicou ao futebol
Demitido por Fernando Collor do Banco do Brasil, Ceni se dedicou ao futebol Arquivo Pessoal

O maior ídolo da história do São Paulo foi usado. Serviu como cabo eleitoral de Leco. E foi traído pelo dirigente.

O dirigente havia prometido que manteria o time forte que Ceni estava montando. Sofria, é verdade, por sua inexperiência. Mas o presidente reeleito não deu tempo para Ceni. Passou a vender jogadores fundamentais, que o treinador havia implorado para não sair.

Leco fez um desmanche incabível.

Foram 23 atletas negociados, durante os sete meses que Ceni foi treinador do São Paulo.

Zagueiros: Breno, Lucas Kal, Lucão, Lyanco e Maicon

Laterais: Carlinhos, Matheus Reis e Mena

Meio-campistas: Daniel, Hudson, Jean Carlos, João Schmidt, Michel Bastos, Thiago Mendes e Wellington

Atacantes: Chávez, David Neres, Kelvin, Luiz Araújo, Neilton, Pedro Bortoluzzo, Robson e Ytalo.

Com os previsíveis resultados ruins da equipe, e Leco reeleito, Rogério Ceni foi sumariamente demitido. 

Foi quando ele percebeu que havia sido usado por um político, que apenas o desejava como cabo eleitoral.

Após uma entrevista de Leco, destacando seu fraco trabalho no São Paulo, Rogério Ceni tirou a mágoa que estava entalada na garganta.

A 'singela' homenagem de Rogério Ceni. Tirou a mágoa do peito
A 'singela' homenagem de Rogério Ceni. Tirou a mágoa do peito Reprodução Facebook

Apelou para Rui Barbosa para atingir o presidente que sabotara seu trabalho.

"Não se deixe enganar pelos cabelos brancos. Canalhas também envelhecem."

A citação foi publicada na sua página de Facebook.

Ceni fez um juramento.

Jamais pisar no São Paulo enquanto Leco for presidente.

Mas seu mandato termina em dezembro.

E há dois candidatos favoritos na briga pelo cargo.

Julio Casares e Marco Aurélio Cunha.

Rogério Ceni e Marco Aurélio Cunha
Rogério Ceni e Marco Aurélio Cunha Reprodução Twitter

Ambos sabem que ter Rogério Ceni como cabo eleitoral seria sensacional.

Um fator decisivo na reeleição, por tudo o ídolo significa.

Casares e Cunha negam.

Mas pessoas ligadas às duas canditaturas já sondaram o atual técnico do Fortaleza.

E receberam um 'não'.

"É impressionante como o Rogério aprende rápido", repetia Zetti, goleiro bicampeão mundial  e bicampeão da Libertadores, que antecedeu Ceni.

E ele aprendeu.

Não servirá como cabo eleitoral de ninguém no São Paulo.

Nem de Casares e nem de Marco Aurélio.

Rogério Ceni e Júlio Casares
Rogério Ceni e Júlio Casares Reprodução Twitter

Ele não se esqueceu de como foi usado por Leco.

A guerra política no Morumbi não terá o nome de Ceni.

Quando houver presidente, em dezembro, e ele quiser contratá-lo, a proposta pode ser analisada com carinho, porque o ciclo no Ceará estará acabado.

Antes, nem pensar.

Collor e Leco já marcaram demais sua vida.

As demissões injustas nunca foram esquecidas.

Casares e Marco Aurélio já sabem.

As campanhas não podem usar o nome de Ceni.

Não terão sua imagem de maior ídolo como escudo.

Com fez Carlos Augusto Bastos e Silva...